Inovação e sustentabilidade marcam a mobilidade
A transformação da mobilidade é um dos temas na ordem do dia, e a transição energética no setor empresarial é um desafio incontornável. Sustentabilidade ambiental marca a agenda da eletrificação automóvel.
Ano após ano, o setor da mobilidade caminha cada vez mais de mãos dadas com a inovação procurando corresponder às necessidades do mercado, aos objetivos internacionais de ODS (Desenvolvimento Sustentável) e de descarbonização, com os combustíveis fosseis a darem lugar a fontes de energia alternativas com prioridade para a elétrica. Com estas transformações em curso, assistimos a uma mudança irreversível de paradigma no que respeita à circulação automóvel quer no domínio privado quer empresarial.
A indústria tem respondido à evolução do mercado, munindo-se de todas as ferramentas tecnológicas possíveis e investindo no desenvolvimento de veículos inovadores, vocacionados para atingir metas ambientalmente mais sustentáveis do ponto de vista energético. A paisagem rodoviária é cada vez mais dominada por veículos elétricos, mais silenciosos e sustentáveis, e em vez dos tradicionais postos de abastecimento de combustível, vemos surgirem novos postos de carregamento elétrico, sejam públicos ou privados, ainda que em número insuficiente para as necessidades dos condutores deste tipo de veículos em rota ascendente no mercado.
Os números do mercado
Segundo a ACAP - Associação Automóvel de Portugal, em termos globais, no primeiro semestre de 2024, o mercado registou um crescimento de 7,8% face a igual período do ano anterior Contudo, em junho último foram matriculados em Portugal 24.561 veículos automóveis, ou seja, menos 4,7% que no mesmo mês de 2023. De notar que, no mês de junho, o peso dos elétricos (BEV) foi de 18,9% dos veículos ligeiros de passageiros novos.
De janeiro a junho de 2024 as matrículas de veículos ligeiros de passageiros totalizaram 116.417 unidades, o que se traduziu numa variação positiva de 5,7% relativamente ao período homólogo do ano de 2023. No caso dos veículos ligeiros de passageiros movidos a energias alternativas os dados revelam que os PHEV registaram 12,2%, os BEV 16,5%, e os HEV 15,7%. Ou seja, no primeiro semestre deste ano, 51,7% dos veículos ligeiros de passageiros matriculados novos eram movidos a fontes de energia alternativas aos combustíveis fósseis, nomeadamente elétricos e híbridos. Em particular, verifica-se que 16,5% dos veículos ligeiros de passageiros novos eram elétricos. Quanto ao mercado de ligeiros de mercadorias registou, no sexto mês de 2024, uma evolução positiva de 10,1% face ao mês homólogo do ano anterior, situando-se em 3.492 unidades matriculadas. Em termos acumulados, o mercado atingiu 16.864 unidades, o que representou um aumento de 22,9% face ao mesmo período de 2023. Quanto ao mercado de veículos pesados, o que engloba os tipos de passageiros e de mercadorias, em junho de 2024 verificou-se um aumento de 56,4% em relação ao mesmo mês de 2023, tendo sido comercializados 876 veículos desta categoria.
Nos seis primeiros meses de 2024 as matrículas desta categoria totalizaram 3.914 unidades, o que representou um aumento do mercado de 14,7% face ao ano mesmo período do ano transato.
Olhando exclusivamente para os veículos automóveis eletrificados constata-se que em maio foram matriculados em Portugal 9.054 automóveis ligeiros de passageiros novos elétricos, plug-in e híbridos elétricos, ou seja, mais 9,1% que no mesmo mês do ano anterior. Aliás, de janeiro a maio de 2024 as matrículas de veículos ligeiros de passageiros deste tipo totalizaram 42.892 unidades, o que se traduziu numa variação positiva de 14,8% face ao período homólogo de 2023.
Nos cinco primeiros meses de 2024 verificou-se um aumento de 11,7%, em comparação com o mesmo período do ano anterior, dos veículos ligeiros de passageiros novos elétricos, tendo sido matriculados 15.394 unidades. Também em maio, o mercado de elétricos, plug-in e híbridos elétricos de ligeiros de mercadorias registou uma evolução negativa de 33,7% face ao mês homólogo do ano de 2023, situando-se em 118 unidades matriculadas. Em termos acumulados, este mercado atingiu 1.094 unidades, o que representou um crescimento de 18,9% face ao ano passado.
Quanto ao mercado de veículos pesados, que engloba de passageiros e de mercadorias, maio registou matrículas de 11 veículos pesados eletrificados novos, o que representou uma queda de 66,7%. Em termos acumulados, nos cinco meses do ano verificou-se quebra de 59,4% face ao mesmo período do ano de 2023, tendo sido matriculados 43 veículos.
Desafios à vista
O caminho da transformação energética faz-se de alguns desafios, transversais a todos os países, apesar da percentagem de empresas com viaturas 100% elétricas continuar a crescer, de acordo com o último Barómetro Automóvel de Mobilidade 2024, realizado pelo Arval Mobility Observatory.
A rede de infraestruturas de apoio a esta transformação é um desses desafios. A Associação para a Modernização da Mobilidade Eléctrica (AMME), revelou recentemente dados europeus relativos às Infraestrutura Para Veículos Elétricos e numa comparação com os 27 países da União Europeia, Portugal encontra-se atualmente em 25.º lugar, apenas 37,6% acima do limite mínimo legal de infraestrutura imposto pelo AFIR (Alternative Fuels Infrastructure Regulation). Trata-se de um regulamento europeu, que entrou em vigor a 13 de abril de 2024, e que estabelece regras para os agentes de mercado envolvidos no desenvolvimento da infraestrutura de combustíveis alternativos. Um dos artigos do AFIR obriga os estados-membros a facilitarem o desenvolvimento da infraestrutura consoante a potência de carregamento por veículo elétrico em circulação.
“ (...) mês de junho, o peso dos elétricos (BEV) foi de 18,9% dos veículos ligeiros de passageiros novos”.
Inovação nacional
A parte dos números e dos objetivos ODS e metas de descarbonização, refira-se que a inovação nacional está a marcar pontos no cenário internacional. O trabalho desenvolvido pelo Ceiia, centro de engenharia e desenvolvimento de produto, é um exemplo da inovação nacional com criação de várias propostas que prometem revolucionar o setor da mobilidade. É o caso do BEN (em desenvolvimento na Agenda Be.Neutral), um projeto de veículo leve para ser usado como um novo serviço de mobilidade (X4US) a ser industrializado em Portugal (pela BEN4US). É também o caso da AYR, plataforma de sustentabilidade que recompensa o comportamento neutro em carbono. Foi desenhada para conectar pessoas, comunidades e dispositivos. Ou ainda do Mobi.me uma plataforma de integração de serviços de mobilidade que permite diversas aplicações para empresas e cidades, concretamente a gestão da rede mobi-.e, partilha de scooters (e.cooltra), ecoeletricos d Curitiba e ecomob Brasilia (ambos no Brasil); ou Mobi Cascais.
Veja-se também o caso da miio, empresa portuguesa especialista na área da mobilidade elétrica, que abriu fronteiras a quatro novos países com a campanha Borderless. Durante quatro meses, Alemanha, Itália, Bélgica e Holanda recebem a sua solução que permitirá que os utilizadores de veículos elétricos (VEs) possam fazer os seus carregamentos utilizando apenas uma app. Esta campanha da miio abrange mais de 247 mil novos postos de carregamento naqueles quatro países, promovendo a sustentabilidade e a conveniência para os utilizadores que viajam durante as suas férias de verão. A iniciativa surge num momento em que cada vez mais portugueses optam por viajar para o estrangeiro com os seus carros elétricos.
O sucesso da campanha poderá determinar a permanência da empresa nestes mercados, a partir de outubro deste ano, ou seja, a miio utilizar várias métricas de análise para decidir os passos seguintes da internacionalização para novos mercados. Atualmente, conta com 300 mil utilizadores registados em Portugal, Espanha e França, uma comunidade que representa cerca de 70% do mercado português de utilizadores de veículos elétricos e plug-in.