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especial transformação digital | opinião

Quão distante está a Inteligência Artificial da Saúde, em Portugal?

Anne Geubelle, CEO da Prologica

Em 2014, a Prologica iniciou uma nova unidade de negócio que tinha como missão levar o melhor das tecnologias de Inteligência Artificial (IA) para a obtenção de ganhos em Saúde a nível hospitalar, não só para os clínicos e gestores, como também para os utentes.





A pesar dos esforços, o início do caminho não correu como planeámos. Durante dois anos, depois de uma intensa auscultação ao mercado (público e privado), verificámos que, na maioria das realidades, a IA não era mais do que um tema de conversa de corredor, apesar do seu elevado mediatismo nos eventos sobre Saúde.

Mas o que impedia a entrada da IA na Saúde? A principal lista de motivos foi-se tornando cada vez mais clarividente: para além das questões de literacia tecnológica e cultura das equipas das organizações hospitalares, os dados operacionais e clínicos estavam dispersos nas diferentes aplicações/softwares – que não comunicavam entre si (falta de interoperabilidade) –, muitos dos dados não eram registados de forma estruturada e não era possível trabalhar os dados todos centralizados num único local. Ou seja, não existia maturidade tecnológica suficiente para se adotar as tecnologias mais avançadas de IA.

Foi neste contexto que a Prologica, em 2016, decidiu dar um passo atrás na sua estratégia. Não servia de nada continuarmos a apostar numa oferta unicamente centrada na IA, quando, na prática, o mercado ainda não estava preparado.

Portanto, conscientes da complexidade e dos desafios do ecossistema das TI em Saúde, decidimos começar por responder à necessidade mais básica do “novo” mundo dos dados: criar uma solução que servisse de única fonte de verdade para suporte à tomada de decisão da gestão hospitalar e da gestão clínica.

Era preciso dar visibilidade aos dados que já eram registados para que todos os agentes do hospital compreendessem a mais-valia deste tipo de ferramentas. Utilizando tecnologias de business intelligence, mas com um espaço dedicado aos algoritmos de inteligência artificial, surgiu assim a nossa plataforma Meliora.

Com uma arquitetura modular flexível, preparada para integrar com os softwares existentes nos hospitais de forma a centralizar a informação num único local, esta solução foi a resposta ao problema core.

Hoje, passados quatro anos, e como enabler tecnológico no mundo dos dados em Saúde, já temos uma presença nacional de norte a sul e ilhas. São exemplos de referências hospitares no nosso portfólio: ULSAM, IPO Porto, HFZ-Ovar, CHULC e IASAÚDE.

Durante este período, dar vida aos dados que já eram registados permitiu não só às organizações hospitalares percecionarem a mais-valia inerente a este tipo de soluções, como também nos permitiu continuar a inovar, desenvolvendo e disponibilizando um novo tipo de visualização sobre os dados, numa perspetiva de acompanhamento do percurso do utente e custos associados dentro do hospital, seguindo uma lógica de valor em Saúde/Value-Based Healthcare.

Contudo, atuando como um dos principais players, sentimos que a transformação digital na Saúde ainda agora começou! Frequentemente falamos com presidentes, administradores hospitalares, diretores de serviço, diretores de sistemas de informação, médicos, enfermeiros e outros profissionais, e ainda são raros os casos em que não há necessidades ao nível do registo, visualização e análise de dados.

Em suma, diria que ainda existem vários desafios a serem ultrapassados nos próximos anos, quer a nível tecnológico quer a nível de gestão da mudança, para se poder avançar e democratizar o acesso às tecnologias de IA nos hospitais. Este caminho terá, necessariamente, que ser realizado de mãos dadas com os profissionais de saúde, pois sem a sua adesão, dificilmente será possível efetivar qualquer tipo de estratégia de transformação digital na Saúde.