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especial transformação digital | casos de sucesso

A pandemia aumentou a necessidade de digitalizar

Samuel Silva, CEO da Domatica

O futuro está repleto de oportunidades para as empresas que apostam na transformação digital





O desígnio da Domatica é acelerar a transformação digital. Samuel Silva, o seu CEO, diz que a sua empresa tem uma visão arrojada para o futuro e uma estratégia clara, mas, acima de tudo, uma equipa fantástica, com uma vontade inabalável de inovar.

Quais serão as principais oportunidades que o mundo digital irá oferecer à economia e à sociedade no futuro?

As previsões de um forte crescimento para a digitalização já eram consensuais. A pandemia veio exacerbar a necessidade de digitalizar, impulsionando, numa primeira fase, uma vertente mais imediatista, os sistemas de difusão de conteúdos e de teleconferência, que permitiram o ensino remoto ou o teletrabalho em grande parte das empresas de serviços e de trabalho intelectual. Mas iniciou também uma fase com raízes bem mais profundas, para garantir a continuidade dos serviços básicos, como o abastecimento de água e a recolha de resíduos, efetuar uma gestão autónoma dos edifícios e, por último, mas não menos importante, assegurar a operação contínua do tecido produtivo, a indústria. Apesar da paragem abrupta que a pandemia provocou inicialmente, vislumbra-se um futuro repleto de oportunidades para as empresas preconizadoras da transformação digital, especialmente as que operam nos setores da internet das coisas (IoT), inteligência artificial (AI) e realidade aumentada (AR).

A transformação digital implica muito mais do que a digitalização de empresas, instituições, edifícios. É preciso também ter em conta objetivos e é necessário assegurar a eficiência e a fluidez da comunicação. Como é que isso poderá ser feito?

Sim, absolutamente. A transformação digital não é um movimento isolado ou setorial, é um movimento de digitalização holística que vai inevitavelmente chegar a todas as coisas. Daí o papel basilar das tecnologias orientadas à IoT.

A eficiência e a fluidez das comunicações é de tal forma crítica e complexa que não é possível de solucionar apenas por evolução tecnológica. Apesar de todos os avanços isolados contribuírem para a melhoria dos serviços, será necessária uma mudança de paradigma para possibilitar a transformação digital em toda a sua plenitude. A Domatica foi pioneira nessa mudança, preconizando, desde a sua incepção, o que mais recentemente se cunhou com o nome de IoT edge, proveniente da mescla de IoT com edge computing. O IoT edge consiste em deslocar uma parte do processamento e armazenamento para onde a ação acontece, próximo dos sensores e atuadores, facilitando a sua conectividade, processando os seus dados e extraindo a informação relevante, atuando em tempo útil segundo algoritmos que correm localmente, sem depender de conexão ou do processamento da cloud. Desta forma, a quantidade de informação é drasticamente reduzida e serenamente sincronizada com a cloud, eliminando por completo o stress nas comunicações e deixando a capacidade de processamento da cloud livre para funções que realmente necessitam, como é o caso da AI.

Fala-se muito de eficiência energética por causa dos efeitos positivos em relação ao ambiente, tanto na casa de cada um de nós como em relação a todo o tipo de edifícios. Além disso, o que implica mais a gestão inteligente dos edifícios? O que poderá assegurar para as pessoas que lá vivem e trabalham?

Dependendo do tipo de edifício, podemos dar diferentes níveis de importância ao abrigo, à segurança, ao conforto ou mesmo à produtividade.

A eficiência energética, tal como a eficiência de qualquer outro recurso, é muito importante desde que não comprometa as funções primordiais de um determinado edifício. É aí que a complexidade aumenta e passa a ser necessária a interoperabilidade entre os vários subsistemas de grande parte dos edifícios (intrusão, incêndio, fugas de gás ou de água, circuitos de vídeo, qualidade do ar, controlo de acessos, climatização, controlo de estores, iluminação, etc.). Mais, neste momento já se impõe que exista uma coordenação superior da informação, que vai muito além dos limites dos próprios edifícios. Uma vez encaminhada para centros de processamento providos de AI, é possível encomendar automaticamente a fornecedores, fazer pedidos de manutenção atempada, informar provedores de água ou de energia sobre a previsão de consumo ou ainda, fazendo o caminho inverso, induzir melhorias e otimizações ao funcionamento do próprio edifício, incrementando a eficiência, o conforto e a qualidade de utilização de cada espaço.

Qual o contributo da digitalização para a gestão inteligente dos edifícios?

Comecemos pela IoT. Costumo dizer que a IoT é mais do que uma tecnologia. É o movimento que envolve várias tecnologias na criação de um sistema nervoso capaz de traduzir o mundo físico e comunicar bidirecionalmente com as unidades de processamento, permitindo a utilização de muitas outras tecnologias, como a AI e a AR, que, em conjunto, possibilitam a gestão de edifícios inteligentes, um carro autónomo, as cidades inteligentes, a Indústria 4.0, etc. E tudo isto é um contributo da digitalização.

“A nossa atividade depende fortemente do mercado externo, com uma grande incidência na Europa”

Hoje a inovação é essencial em diversos setores da economia para assegurar a colocação no mercado de produtos e serviços melhores, mais eficientes, mais fiáveis, mais atuais, em suma, distintos. Como é que a Domatica tem assegurado a manutenção da sua capacidade concorrencial no mercado onde atua?

Certamente inovando. Tendo uma visão arrojada para o futuro e uma estratégia clara, mas, acima de tudo, trabalhando com uma equipa fantástica, com uma vontade inabalável de inovar e contribuir, todos os dias, para elevar o estado da arte.

O desígnio da Domatica é acelerar a transformação digital. A nossa tecnologia, nomeadamente o easyedge.io. reduz consideravelmente o tempo de instalação, pois tira partido da nossa biblioteca de equipamentos, a mais abrangente do mercado, com milhares de modelos dos mais diversos protocolos e fabricantes, não esquecendo os custos de operação, que, devido à nossa tecnologia de difusão e processamento no edge, reduz drasticamente os custos de dados e cloud (cerca de 90%).

Temos uma tecnologia disruptiva, que tem contribuído para cimentar parcerias com grandes players globais, como a ABB, a Cisco, a HPE, a Siemens, entre outras, e estamos também a expandir o portefólio de soluções para alargar a nossa base de clientes, ajudando as empresas na transformação digital, dando como exemplo o IoTReady.io, que possibilita transformar quase instantaneamente os seus produtos convencionais em produtos inteligentes e conectados.

De que forma é que o vosso setor de atividade tem sido afetado pelo impacto da Covid-19 na economia nacional e global? Qual será a sua evolução para este ano e o próximo?

A nossa atividade depende fortemente do mercado externo, com uma grande incidência na Europa. Por isso começámos por sentir uma contração gradual desde o início de março, culminando com a paragem abrupta imposta pelo confinamento global. Nos últimos meses, apesar de muita coisa ter mudado na forma como interagimos e fazemos negócio, a atividade foi aumentando gradualmente e, se bem que o nosso ciclo médio de conversão de negócio ronde os quatro meses, já nos é possível sentir um claro crescimento das solicitações dos nossos produtos e serviços. Prevemos um forte crescimento neste segundo semestre, que, no limite, pode compensar a contração do primeiro, abrindo portas a um crescimento acentuado para o próximo ano.