Desafios e soluções para o sucesso das PME: Passado, presente e futuro
Elvira Vieira, diretora-geral do ISAG – European Business School
N ão há dúvidas de que em contexto pandémico as empresas conseguiram níveis assinaláveis de inovação nos seus negócios, independentemente da sua dimensão. Um relatório recente da Salesforce mostra-nos que com a pandemia 94% das PME europeias transitaram em parte para o online e das 2500 PME inquiridas em todo o mundo 71% acreditam que essa mudança vai trazer benefícios a longo prazo.
Se no momento em que estava em causa, tantas vezes, uma questão de sobrevivência, as empresas conseguiram surpreender, é natural que em contexto pós-pandemia só possamos esperar uma coisa: mais. Porém, a ambição de chegar mais longe acarreta também mais desafios, que as empresas, e em particular as PME, têm de se preparar para enfrentar, tornando-se o motor da recuperação das economias nacional e europeia.
Sabemos que o objetivo último de qualquer empresa será sempre gerar ganhos, mas irão distinguir-se aquelas que, para os alcançar, entendam que o verdadeiro desafio está em gerar valor. Aquilo que uma organização conseguir acrescentar de inovador e diferenciador ao seu público vai, sem dúvida, definir o seu sucesso futuro. Mais ainda se o “público” englobar não apenas o consumidor ou cliente final, mas também aquele que vive dentro da própria empresa e que deve ser encarado como uma prioridade. Quer isto dizer que a gestão do público interno, ou seja, dos recursos humanos, vai assumir um papel ainda mais preponderante, com a constante valorização das equipas a tornar-se indispensável à retenção e desenvolvimento de talentos – os primeiros geradores de valor de qualquer organização. Para isso será necessária a dinamização de planos de carreira adaptados ao momento vivido pelo mercado, pela empresa e pelo próprio colaborador.
Estes planos devem refletir os objetivos de cada profissional, garantir o equilíbrio entre vida pessoal e profissional e considerar uma (re)capacitação profunda e regular de todos os quadros. A aquisição e renovação de competências será uma das chaves para o desenvolvimento sustentado do futuro das empresas, já que conseguir competir no mercado veloz, exigente e também volátil em que atuamos está dependente da capacidade das equipas para se adaptarem, para adquirirem e aplicarem novos conhecimentos e para acompanharem e interpretarem a evolução do mercado, sobretudo no que ao digital e à tecnologia diz respeito.
A digitalização irá manter-se, de resto, como um dos grandes desafios impostos às empresas. Depois do avanço considerável do último ano e meio, é através de uma contínua e urgente aposta na transformação digital, com a introdução dos recursos tecnológicos que continuarão a multiplicar-se, que será possível a automatização e agilização de processos, a redução de custos, o aumento de eficácia e produtividade e, por fim, o alavancar de vantagens competitivas. Este é o momento de as PME abraçarem a inovação, reinventarem estratégias e reestruturarem procedimentos, suportadas no cruzamento eficaz das capacidades das suas pessoas e da tecnologia.