O sector da saúde irá surfar a onda digital?

Filipa Fixe, administradora Glintt para o mercado de Healthcare

Embora o avanço da tecnologia seja inevitável, não pode nem deve ser aquilo em que nos tornamos. Quais serão as maiores diferenças? O que é que vai mudar? O que podemos esperar no campo da saúde?

P ortugal é claramente uma montra digital na área da saúde e tem tido um papel diferenciador nas ciências da vida. O nosso dia a dia está transformado pela tecnologia através do digital, da mobilidade e do virtual. Cada um de nós, enquanto cidadãos, está a procurá-la cada vez mais na relação com os profissionais e as instituições de saúde.

A equação do bem-estar e da saúde centrada no cidadão só pode ser resolvida através de tecnologia e de processos bem definidos. O momento pandémico que atravessamos permitiu que as diferentes instituições de saúde e não saúde centrassem os seus serviços no cidadão, tendo por base tecnologia e inovação de processos. E mostrou que já existia inovação tecnológica para transformar a prestação de cuidados de saúde. Isso foi visível, por exemplo, no número de teleconsultas versus consultas presenciais realizadas nos cuidados de saúde primários e nas unidades hospitalares.

O nosso país é claramente uma montra digital na área da saúde

Palco para a excelência

Este momento deve ser encarado como uma oportunidade para continuar e acelerar ainda mais a implementação da inovação e da tecnologia, para que os cuidados de saúde e a relação utente-profissionais de saúde passe a estar à distância de um clique.

O nosso evento anual, HINTT – Health Intelligent Talks & Trends, que este ano perfaz a sua 4.ª edição no dia 1 de outubro, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, surgiu em 2017, com o propósito de contribuir para esta montra digital enquanto palco para a excelência da ciência, da inovação e da tecnologia em saúde. O objetivo é partilhar casos de estudo a nível nacional e internacional, que demonstrem a forma como a inovação pode ser traduzida para o dia a dia das instituições de saúde, dos seus profissionais e do cidadão.

Temos um momento especial durante o evento: o Prémio HINTT – Maturidade Digital. O foco deste prémio é o reconhecimento e divulgação das melhores práticas de adoção das TIC na área da saúde, que têm como objetivo melhorar a segurança do cidadão, apoiar a decisão clínica e a eficiência global.

Os vencedores são, cada vez mais, projetos realizados por equipas multidisciplinares, com competências que vão da engenharia às ciências da vida, incluindo as novas tecnologias e as emergentes (ex.: IA, NPL). Conseguem definir o problema a resolver, desenvolver a solução e garantir a sua implementação junto de profissionais de saúde e utentes. Ou seja, a maioria são projetos com uma avançada maturidade digital, pilotos ou não, e reúnem um enorme potencial tecnológico para a área da saúde, privilegiando sempre o conceito do patient centered.

Este ano, a edição do HINTT acontece no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, em modo presencial e online, transmitido nas redes sociais da Glintt

Catalisador de inovação

Este ano é com enorme orgulho que batemos o recorde de candidaturas, ultrapassando os anos anteriores em cerca de 50%. Devido à pandemia provocada pela Covid-19, as nossas expectativas não eram as mais favoráveis e foi com surpresa que verificámos uma motivação incrível por parte das entidades candidatas. Isso demonstra o compromisso crescente dos sectores da saúde e das TIC ligadas à saúde.

O Prémio HINTT – Maturidade Digital é, assim, a forma de recompensar a excelência do que de melhor se faz em Portugal na área da saúde e do bem-estar.

O nosso país é claramente uma montra digital na área da saúde. Por um lado, por termos implementado ao longo dos últimos anos sistemas de informação e tecnologias de informação diferenciadores. Por outro, pelo facto de os portugueses serem um povo inovador e altamente diferenciado na área das ciências da vida. Há vários exemplos de start-ups portuguesas reconhecidas e premiadas a nível europeu e mundial para o demonstrar. Todo este know-how deve ser partilhado dentro e fora de Portugal, e é neste sentido que queremos que o Prémio HINTT seja mais um catalisador de inovação.

Gostaria de realçar que Portugal integrou, pela primeira vez, o grupo de Fortes Inovadores na edição de 2020 do European Innovation Scoreboard, um índice publicado anualmente pela Comissão Europeia e que se baseia em 27 indicadores. O país teve os melhores desempenhos nas áreas que se relacionam com as atividades de inovação das PME (https://www.dgae.gov.pt/ e https://interactivetool.eu/EIS/EIS_2.html#a). Isto só foi possível devido ao caráter inovador e de diferenciação tecnológica que as empresas, desde as start-ups às de grande dimensão, possuem, em conjunto com o sector público, e colocam ao serviço do cidadão. Para que tal aconteça é necessário que as soluções desenvolvidas sejam conhecidas, implementadas e testadas. Acreditamos que o HINTT, que dá palco à excelência na área da saúde e das ciências da vida, é uma importante etapa no go-to-market destas soluções. É uma viagem que se iniciou em 2017 e que pretende demonstrar que podemos viajar até Marte e sermos monitorizados, à distância, com tecnologia, processos e também inovação.

É fundamental perceber, numa época em que a tecnologia atual permite, por exemplo, a condução autónoma, se podemos e devemos passar a ter uma gestão da saúde e deixar de ter apenas uma gestão da doença. Os dados centrados no cidadão, a sua gestão, a telessaúde, a inteligência artificial aplicada na análise de imagens médicas, os lab-on-a-chip, os resultados em saúde medidos por qualidade, e não por quantidade, os hospitais do futuro, com menos camas e mais cuidados à distância, a literacia digital de cidadãos e de profissionais da saúde, a capacitação de gestores para o ehealth e a garantia da segurança das TIC e da privacidade dos dados são alguns dos temas que temos debatido nas edições anteriores, quer do ponto de vista da inovação quer do ponto de vista da implementação.

Este ano, a edição do HINTT acontece no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, em modo presencial e online, transmitido nas redes sociais da Glintt.