Criar mais valor nas organizações e na sociedade
Formar e treinar profissionais para os desafios atuais de gestão, capacitando-os com as ferramentas que o mundo empresarial hoje exige, é um trabalho de formação constante que as escolas de negócios (business schools) estão a abraçar com determinação e uma oferta diversificada.
Cada vez mais um complemento à formação base dos profissionais, a formação executiva, nos seus mais variados formatos, é uma aposta em ascensão no meio empresarial. Os executivos procuram reforçar competências para enfrentar os desafios de uma gestão cada vez mais tecnológica. As business schools, por sua vez, tratam de criar programas que respondam as expetativas de empresas e profissionais.
A capacidade de adaptação e a flexibilidade com que as escolas de negócios portuguesas têm respondido às necessidades que o mercado vai revelando tem sido evidente na quantidade e diversidade de cursos de especialização que vão criando. Procurando inovar, nos últimos anos têm entrado em áreas do conhecimento muito diversificadas com especial destaque para tudo o que tem a ver com a tecnologia de inteligência artificial e a forma como esta está a transformar o mundo laboral e as práticas de gestão.
IA impulsiona cursos executivos
A sede de conhecimento em inteligência artificial (IA) generativa tem impulsionado o crescimento de cursos executivos, de acordo com a análise do Financial Times (FT). As escolas de negócios têm-se preparado a nível curricular para ajudar os líderes a compreender as implicações desta tecnologia nos seus modelos de gestão, na vida das empresas e dos seus colaboradores, dotando-os de competências digitais para tal.
Uma pesquisa realizada em cerca de 10 mil alunos, em 40 países, publicada pela consultora educacional CarringtonCrisp, e citada pelo FT, descobriu que quase metade dos entrevistados prevê aprender algo sobre IA nos próximos cinco anos. Também outros assuntos digitais foram referenciados: segurança cibernética (citada por 33%), marketing digital (31%), comércio eletrónico (29%) e análise de dados (26 %), a par das competências empresariais mais tradicionais.
Ferramentas como o ChatGPT da OpenAI estimularam as organizações dos setores público e privado a experimentarem a IA generativa, o que leva as escolas de negócios a constatar “um forte apetite por programas de educação executiva de curta duração focados na tecnologia, sejam eles de matrícula aberta ou personalizados para empresas”, conclui ainda o referido estudo. Isto porque embora algumas das aplicações da IA generativa sejam óbvias, como o seu potencial para automatizar tarefas, gerar insights e aumentar a eficiência, outras há que requerem uma compreensão mais apurada, e uma implementação e gestão cuidadosas para que possam concretizar todo o seu potencial, um trabalho para o qual as escolas de negócio têm vindo a capacitar-se. Têm renovado os seus portefólios de cursos e cada vez mais oferecem conhecimentos e competências sobre temáticas relacionadas como segurança cibernética e transformação digital, reflexo de que a tecnologia se tornou uma preocupação para os executivos de alto escalão.
Competências atualizadas
Tendo em conta os diferentes objetivos das empresas e dos seus profissionais, a formação executiva tornou-se essencial para dotar os líderes de competências técnicas e pessoais que, por inerência, terão um impacto direto no sucesso das organizações a que estão ligados. Neste processo, refira-se, a “aliança” entre a academia e o mercado empresarial é crucial para que o encontro entre a oferta e a procura seja o mais eficaz possível. A formação contínua marca a diferença no percurso de um profissional que se preocupa em estimular as suas capacidades e em ter acesso a soluções mais inovadoras. Por isso, referem os especialistas, o tempo dedicado à formação é o caminho do sucesso e um investimento no futuro. A par dos profissionais individualmente, também as empresas começam a concentrar esforços na melhor forma de capacitar os seus quadros, garantindo que estes estão prontos para evoluir juntamente com as suas funções.
Um estudo recente da Adecco, feito em colaboração com a Oxford Economics, concluiu que, e no que respeita às novas tecnologias, “é urgente desenvolver competências para maximizar o potencial da Inteligência Artificial (IA) e garantir a empregabilidade dos trabalhadores”.
Programas à medida
Os profissionais e as empresas não têm todos as mesmas necessidades de formação. São únicos nas suas especificidades e têm desafios distintos em função das suas áreas de atividade. Por isso, também a oferta formativa das business schools reveste formatos diferentes. Os programas customizados, por exemplo, configuram uma resposta mais efetiva às necessidades de uma empresa ou setor empresarial e dos seus executivos. Neste caso, estamos perante uma formação que foi pensada e desenhada exclusivamente para uma situação particular e para um grupo específico de participantes que pretendem reforçar competências num domínio concreto, seja este de gestão pura e dura, seja de cariz mais tecnológico, por exemplo. Mais, a solução de um programa customizado resulta de uma parceria estreita entre a escola e os responsáveis da empresa interessada na formação. Nessa medida, quer os conteúdos programáticos, quer a metodologia, horários ou periodicidade, por exemplo, são estipulados conjuntamente e em função de cada desafio.
Com uma abordagem diferente, os programas abertos acabam por dar margem para que as escolas de negócios criem oferta educativa em setores que abarquem o máximo possível áreas de conhecimento que possam estar no centro da atividade dos profissionais portugueses e não só, porque também, cada vez mais, assistimos à procura internacional da formação portuguesa.
Portugal entre os melhores da Europa
Ano após ano, a formação portuguesa de executivos continua a constar entre as melhores do mundo, como fica patente no mais recente ranking internacional de business schools. Trata-se de mais um ranking anual do Financial Times, divulgado em maio, o Executive Education 2024. Esta nova edição, e à semelhança do que tem sucedido nos últimos anos, engloba cinco escolas portuguesas que marcam presença quer nos programas Customizados (Executive Education Custom), quer nos Programas Abertos (Executive Education Open). (ver quadro).
No panorama global, a liderança dos dois rankings está na posse da Insead (França/Singapura), no caso dos programas customizados, e da HEC Paris, nos programas abertos.