Região Centro representa 19% da economia nacional
É um espaço vivo, diverso, com uma economia alicerçada em empresas que sabem investir na inovação e na diversificação para garantir a sua sustentabilidade económica e o seu futuro na era da globalização
Oterritório da Região Centro engloba 100 municípios e estende-se, de forma muito diversificada, desde o litoral até à fronteira com Espanha, da zona mais próxima do oceano Atlântico, intensamente povoada, onde se concentra a maior parte das empresas industriais e de serviços, até a um interior mais rural e florestado. Nela produzem-se moldes, objetos de vidro e cerâmica, produtos farmacêuticos, pasta e papel, automóveis e componentes para automóvel, hortícolas e frutícolas exportados para todo o mundo. Por isso não é de estranhar que a Região Centro represente 19,1% da economia nacional, segundo o relatório Comércio Inter-Regional em Portugal, promovido pelo Centro de Competências de Planeamento, de Políticas e de Prospetiva da Administração Pública e desenvolvido pelo Centre for Business and Economics Research da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC). Para isso está certamente a contribuir o bom comportamento das exportações. Segundo o Barómetro da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, as exportações de bens da Região Centro cresceram 18,8% em 2022, para os 15 mil milhões de euros.
Recorde-se que em 2020, no primeiro ano da pandemia de covid-19, as exportações de bens da região tinham recuado para valores inferiores aos de 2015, mas recuperaram logo no ano seguinte, para superar os da pré-pandemia em 2022, passando a ser os mais elevados desde 2004. Nesse período, as exportações de bens continuaram a superar as importações, mas a taxa de cobertura diminuiu para os 103,9%, menos 6,1 pontos percentuais do que no ano anterior.
Paralelamente, a taxa de cobertura nacional foi de 71,6%, depois de as importações do nosso país terem crescido mais do que as exportações em 2022. No ano passado as exportações de bens de alta tecnologia da Região Centro chegaram aos 3,5%, prosseguindo a tendência crescente observada desde há seis anos, para atingir o valor mais elevado desde 2004.
Turismo em crescimento
O ano passado foi o melhor de sempre para o turismo na região, que se destacou em vários indicadores, como o número de dormidas e de hóspedes, a taxa de ocupação e os proveitos totais. Dados do Instituto Nacional de Estatística mostram que o Centro de Portugal recebeu quase oito milhões de dormidas nos alojamentos turísticos entre janeiro e dezembro de 2023, mais 11,9% do que no ano anterior.
Agricultura diferenciada
É nesta zona do território nacional que fica uma parte significativa da sua produção de hortícolas, frutícolas e flores, sector que exportou mais de 1700 milhões de euros em 2021, segundo dados da Portugal Fresh, a associação do sector. O território também abrange parte da Região Vitivinícola de Lisboa, a Bairrada, Dão, a Indicação de Proveniência Regional Beiras e a Beira Interior. Os seus azeites, carnes, fumados e enchidos são reconhecidos, tal como alguns dos seus queijos. Basta lembrar os de Castelo Branco, o Serra, o Rabaçal e o Amarelo da Beira Baixa. As suas reservas hídricas, tanto à superfície como em profundidade, são significativas e incluem águas termais, como as da Curia, Luso, Felgueira ou Manteigas, entre outros, e de mesa.
Floresta com vocação exportadora
O Centro também integra uma parcela significativa de floresta, sobretudo de pinho e eucalipto, que representa mais de um terço da área florestada nacional e boa parte dos produtores de pasta e papel. Segundo dados do INE, as exportações de produtos do sector cresceram, pelo segundo ano consecutivo, para 7,1 mil milhões de euros em 2022, contribuindo para um excedente da balança comercial de 3,3 mil milhões de euros. Segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, o sector representa 9% das exportações do país.
O Centro de Portugal recebeu quase oito milhões de dormidas nos alojamentos turísticos entre janeiro e dezembro de 2023, mais 11,9% do que no ano anterior
Indústria competitiva
Na Região Centro produzem-se automóveis e seus componentes, moldes, objetos de vidro e cerâmica e produtos farmacêuticos, entre outros. No mercado global atual não basta apenas fazer e servir bem. Para se diferenciarem, e aos seus produtos ou serviços, as empresas e mesmo os países têm de procurar apresentar aos seus clientes e aos mercados produtos e serviços distintos, diferentes da concorrência, sempre com qualidade. É um trabalho que demora muitas vezes anos a concretizar, desde a ideia à materialização do produto ou serviço, e mais outros tantos a implementá-lo no mercado, onde é necessário comunicá-lo, comercializá-lo e colocá-lo nos clientes de forma economicamente sustentada, porque a obtenção de margem é essencial para cobrir o investimento, os custos de produção e outros.
A Região Centro integra uma parcela significativa de floresta, sobretudo de pinho e eucalipto, que representa mais de 1/3 da área florestada nacional
Ensino e investigação
Em Portugal, o contributo das universidades e centros de investigação para a capacidade inovadora do país tem sido relevante, em parceria, ou não, com as empresas. Para além dos centros de ensino e investigação, com realce para as Universidades de Aveiro, de Coimbra e da Beira Interior, e de toda sua capacidade de inovar e produzir, a Região Centro é também um espaço de fruição e lazer. Desde o litoral, de praias e cidades sedutoras, incluindo a Nazaré, onde se espraia a maior onda do mundo, Aveiro, a terra dos canais, dos moliceiros e do bom bacalhau, Peniche, Figueira da Foz e outras, até ao interior beirão, onde o casario é mais esparso, muito há para visitar, ver, fazer e apreciar à mesa. Basta lembrar a Sé Velha de Coimbra, o Museu Grão Vasco, em Viseu, Belmonte e Santar, as Portas do Ródão, a serra da Estrela ou a Mata Nacional do Bussaco para se conceber que há muito para desvendar e desfrutar.
É de tudo isto que queremos falar neste Especial Exame dedicado à Região Centro, destacando casos de sucesso em diversas áreas, mostrando os pormenores de quem faz bem na região, explicando como o fazem e a forma como sustentam o seu presente e o seu futuro.