(O Foco nas) Pessoas, Digital e Sustentabilidade
Fernando Reino da Costa, CEO da Unipartner
O digital permite inovar e criar soluções que permitem acelerar o progresso em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
A transformação digital é um fator intrínseco e prioritário na gestão das organizações, um fator de inovação e agilidade operacional e de negócio que se tem demonstrado chave no contexto de incerteza que temos vindo a enfrentar. As organizações mais avançadas nesse trajeto têm demonstrado ser as mais resilientes e ágeis na gestão da mudança e, consequentemente, na adaptação a novas realidades e mesmo no tirar proveito das oportunidades que daí surgem.
O mundo mudou e o comportamento humano também. As pessoas alteraram a forma como se relacionam, trabalham e, fundamentalmente, a forma como encaram a sua própria vida e o que valorizam. O bem-estar, a experiência, a flexibilidade, o sentido que damos ao que fazemos e a preocupação com o futuro e as gerações que aí vêm deixaram de ser algo apenas para os millennials e tornaram-se nas prioridades das sociedades modernas. O próprio conceito de transformação digital evoluiu à medida que estas alterações culturais ocorreram e hoje vai muito além da aplicação de tecnologias e inovação nos processos das organizações. O foco está no propósito da transformação, na criação de impacto positivo no mundo através do digital, refletindo-se tanto no enorme contributo que este pode dar para um mundo mais sustentável, como no bem-estar das pessoas e das comunidades.
O digital permite inovar e criar soluções que nos possibilitam acelerar o progresso em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O digital é, aliás, o enabler, por exemplo, da tão necessária transição energética e para modelos inteligentes de produção distribuída, e é o que nos permite enfrentar hoje a transformação dos modelos de trabalho. Plataformas específicas e as redes sociais são hoje um elemento central na resposta social às comunidades. Estes são apenas alguns exemplos, entre tantos outros, que nos levam a ambicionar um mundo em que as organizações, independentemente da sua dimensão, fazem o seu próprio percurso de transformação digital com o propósito de contribuir para um mundo mais sustentável e responsável.
Hoje, e cada vez mais, são os próprios consumidores e cidadãos a premiar ou a penalizar as organizações. Este mindset é predominante nas camadas jovens, levando-as a escolher para o seu percurso profissional e a comprar produtos e serviços a organizações que revelem, de forma proativa e autêntica, um verdadeiro compromisso com os ODS. Organizações que sejam transparentes no que respeita às suas emissões e às suas cadeias de valor e promovam os direitos humanos com um sentido de responsabilidade e a missão de criar impacto positivo na vida das pessoas e no planeta, com as suas operações e modelos de negócio.
Recentemente, tem-se vindo a fortalecer a consciência de que o digital é chave para um mundo mais sustentável e socialmente responsável. Esse é, aliás, o resultado do relatório Digital with Purpose: Delivering a SMARTer2030, da organização internacional GeSI (gesi.org), que identifica e quantifica a forma como as tecnologias digitais podem ajudar governos, empresas e organizações a acelerarem os seus esforços para alcançarem cada um dos 17 ODS. De acordo com o relatório, a implementação destas tecnologias irá ajudar a acelerar o progresso em direção aos ODS em 22%.
Transversalmente, diria que enfrentamos o desafio de gerir os três vetores: as pessoas, o digital e a sustentabilidade. Em conjunto, temos de acelerar a inovação e a diferenciação das nossas organizações através da implementação de soluções digitais e modelos de negócio com impactos positivos nas pessoas e nos ODS, reforçando o contributo rumo a 2030.