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saúde | entrevista

Uma plataforma para o futuro da saúde

João Figueiredo, diretor médico, André Pita, programador, Ana Agostinho, coordenadora e Peter Villax, fundador da Mediceus

Aplicação que organiza os dados de saúde dos utentes, quer sejam do SNS ou do privado, a Mediceus aposta na medicina de precisão e na prescrição inteligente





A Mediceus permitirá, entre outros, a vigilância epidemiológica 24/7, com uma monitorização em contínuo de padrões inesperados de resultados microbiológicos, virais e outros em análises clínicas, diz Peter Vilax, fundador e administrador da empresa, acrescentando que isso poderá contribuir para identificar os surtos que dão origem a pandemias.

Muito se está a passar no sector de saúde de cada país e a nível global. Há avanços no que diz respeito à sua digitalização que estão a contribuir para uma melhor comunicação das novas ideias e ao surgimento mais rápido de soluções e inovações. Quais são os principais condicionantes de um trabalho que deverá ser tendencialmente mais informado e integrado no sector da saúde? E quais são as soluções?

Os dados de saúde representam 30% de todas as informações geradas diariamente em todo o mundo. No entanto, ainda constituem a classe mais subaproveitada em termos de processamento analítico.

Em Portugal, a pioneira no tratamento de dados em larga escala foi a Sonae, com o cartão Continente. E se tivéssemos começado na mesma altura a analisar as relações entre medicamentos e doenças e a determinar qual o melhor medicamento para cada pessoa, mais eficaz e com menos efeitos secundários? Já há 10 anos que a tecnologia existe na área da ciência dos dados, do big data, e o desafio é reunir a história clínica de populações inteiras em bases de dados integradas e disponibilizá-la aos investigadores.

Mas uma base de dados desse tipo seria um alvo interessante para hackers, logo num momento em que temos assistido a uma série de ciberataques em Portugal que afetaram entidades tão distintas como operadores de telecomunicações, empresas da saúde e meios de comunicação social. Como é que a Mediceus encara o desafio da proteção de dados? Como é que lida com esses riscos?

É justamente porque estes riscos existem que se avançou pouco na saúde digital. Por isso decidimos, logo em 2018, que o primeiro desafio a resolver era o da proteção de dados.

Começámos por desenhar uma arquitetura intrinsecamente segura, seguindo os princípios de privacy by design e security by default do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD). Esta lei, tão criticada, foi o nosso guia de desenvolvimento para um sistema de proteção de dados de vanguarda mundial, em que a característica principal é um método de anonimização de dados que tanto pode ser irreversível como reversível. Ou seja, a nossa base de dados só contém dados anonimizados e não temos nem chaves de reidentificação nem os dados de identificação pessoal de quem nos confia os seus registos. Mas quando alguém vai a uma consulta, irá autorizar, na sua app Mediceus, o médico a receber os seus dados de saúde, que aparecem depois devidamente identificados com o seu nome, E isto sem a Mediceus saber quem é a pessoa!

O Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados foi o nosso guia para um sistema de proteção de dados de vanguarda mundial

Portanto, protegem os dados pelo anonimato. Isso é suficiente?

Em termos de RGPD é. Mas já estamos a ir mais longe, porque mais importante que a confidencialidade é a cibersegurança. Lideramos um consórcio no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no qual se inclui a SIBS – Forward Payment Solutions, que vai desenvolver soluções de segurança para a nossa plataforma de saúde digital. Queremos dar à nossa rede de dados de saúde a mesma segurança que o Multibanco tem.

É preciso arranjar formas de acabar com as pandemias, ou pelo menos de prevenir e atenuar os efeitos das atuais e das que deverão surgir no futuro, porque isso é quase uma certeza. De que forma é que o serviço prestado pela Mediceus pode contribuir para que isto aconteça?

Acabar com as pandemias depois de começarem vai ser difícil, mas identificarmos os surtos que lhes dão origem sim, isso iremos conseguir. O sistema Mediceus permitirá vigilância epidemiológica 24/7, com uma monitorização em contínuo de padrões inesperados de resultados microbiológicos, virais e outros em análises clínicas. Por exemplo, uma concentração anormal de legionela, como foi o caso do surto de Vila Franca de Xira em 2014, que foi detetado por profissionais alertas. Imagine se os chineses tivessem detetado o SARS-CoV-2 logo no princípio de dezembro de 2019... a nossa vida seria bem diferente hoje.

Acabar com as pandemias depois de começarem vai ser difícil, mas identificarmos os surtos que lhes dão origem sim, isso iremos conseguir

Quais são as principais vantagens para as pessoas e para os prestadores de cuidados de saúde, incluindo os seus profissionais, do uso do Mediceus?

Acabou o papel. Acabaram as análises repetidas, porque o doente as perdeu ou porque o médico não consegue aceder-lhes. Acabaram os dados dispersos por centenas de servidores hospitalares não-interoperáveis.

Bem-vindo à aplicação que lhe organiza os seus dados de saúde, quer sejam do SNS ou do privado. E se perder o seu telemóvel não faz mal, pois recuperamos os seus dados. Bem-vindo à partilha dos dados com o seu médico durante o tempo que escolher. Bem-vindo à medicina de precisão, onde o médico vai receber informação sobre os medicamentos que melhor trataram, nos últimos cinco anos, pessoas parecidas consigo, com o mesmo diagnóstico. Bem-vindo à prescrição inteligente, em que o médico consegue receitar o medicamento que é mais eficaz e mais seguro para si. E há mais, mas fica para outra conversa...

O sector da saúde deverá ser, no futuro, mais informado, transparente, próximo, inclusivo, prevenido e sustentável. Como é que se consegue isso?

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) é um fator de coesão nacional como mais nenhum. Precisamos do SNS e o SNS precisa de nós. Nós queremos fazer de Portugal um país de demonstração de saúde digital, para depois nos expandirmos para a Europa. Para que isso aconteça, a ligação da Mediceus ao SNS e ao sistema nacional de saúde deve ser umbilical. Se assim for, acho mesmo que vamos contribuir para todos os objetivos que refere.